sexta-feira, 27 de abril de 2012

A importância do tamanho no Gloster

Tamanho e história do gloster

O pequeno tamanho no gloster sempre foi um aspecto importante ao longo da história de criação deste canário. Inclusive a grande razão para a criação da raça gloster durante o ano de 1920 foi a de produzir um pequeno canário com coroa. Esta foi a razão que levou a fundadora do gloster, Mrs Rogerson, conhecida criadora de Gloucestershire em Inglaterra, a seleccionar tal ave, este não apreciava de todo o tamanho exagerado do canário Crested, e começou a sua busca por um canário pequeno coroado.

Assim o pequeno tamanho tornou-se a linha mestra de selecção para Mrs Rogerson, e deveria ser também o principal aspecto de selecção dos restantes criadores que seguem os seus passos. Podemos assim dizer que é o tamanho do gloster que o distingue do canário Norwich ou Crested e se isto não for tido em conta não existe razão para separarmos este das raças anteriormente citadas.

Nos tempos modernos o tamanho tem sido um dos tópicos mais controversos entre os criadores de glosters. Quando falamos de tamanho, falamos do comprimento desde o bico até à ponta da cauda, no gloster deve ser o mais curto possível, mantendo o corpo, a forma pois actualmente buscamos um canário potente. Durante os últimos 40 anos um grande número de criadores de glosters, fizeram grandes melhorias na criação, surgiram as coroas redondas, longas e com poucas falhas, melhoram-se a cor e a qualidade da plumagem e mais recentemente corpos redondos que dão ao gloster uma distinta e particular forma. No entanto durante este período de rápida evolução, houve períodos em que a raça para evoluir nos pontos atrás assinalados, se descurou ligeiramente a questão tamanho. Por exemplo quando começaram a aparecer os primeiros glosters com coroas cadentes todos os vencedores procuraram trabalhar as mesmas, o que fez com que outras características fossem menosprezadas, incluindo o tamanho.

Esta tendência para dar pouca importância ao tamanho é um problema bem maior se compararmos a Inglaterra com o resto da Europa, criadores do continente, especialmente da Bélgica, sempre tiveram como prioridade o tamanho. Conseguimos ver ainda hoje que essa preocupação continua, com as recentes alterações COM de alocução de pontos com bastante ênfase para com o tamanho dos glosters. Outra grande diferença é que o sistema COM tem como ideal 11,5 cm, enquanto que na Inglaterra tal não existe no nosso standard, que diz simplesmente “tendency to the diminutive”, frase muito aberta a distintas interpretações.

Tamanho e criar bests in show

Quando tentamos criar glosters para vencer exposições, estamos a tentar produzir uma ave com excelente tipo/forma, isto significa ter uma coroa sem faltas, associado a uma boa queda de pena, redonda e com o tamanho apropriado, associado a um pescoço curto e a um corpo redondo e poderoso. Uma ave com todos estes aspectos é um Gloster fantástico! Contudo é muito mais fácil obter todos estes aspectos numa ave maior uma vez que podemos usar plumagens longas e curtas para aumentar cabeça, largura de pescoço e corpo nos nossos casais. È fácil de ver quanto é fácil obter tipo/forma numa ave maior ao analisarmos aves de exposição como por exemplo o Crested ou mesmo o Norwich, bons exemplares destas raças têm cabeças, coroas e pescoços que ultrapassam em muito o que obtemos no gloster, no entanto, tal só é conseguido num conjunto geral maior. Na realidade o que torna difícil a criação do nosso gloster é o facto de tentarmos ter tipo/forma numa ave pequena. Neste aspecto só alguns criadores experientes conseguem produzir glosters pequenos mantendo o tipo/forma e cabeça que todos amamos.

No entanto se permitirmos que aves maiores vençam shows, estamos a fazer com que criação de aves vencedoras seja mais fácil, e de certa forma não estamos a valorizar a habilidade e destreza de certos criadores em combinar tipo/forma num tamanho pequeno.

Se concordamos que é no pequeno tamanho que reside o desafio de criar bons glosters então temos de dar o mérito a esses criadores nas exposições.

Um gloster que seja curto desde o bico à cauda automaticamente parece melhor que uma ave cumprida, isto porque ao ser curto faz com que este pareça mais compacto fazendo com que corpo e pescoço pareçam melhor, mais compactos. No entanto é essencial que seja curtos por natureza, existe uma longa e indistinguível historia à volta de criadores de gloster devido a cortarem caudas de forma a parecem mais curtos. Esta prática é .... uma falta, tal como um centro da coroa deslocado à frente. Ao cortar a cauda o criador está a admitir que não conseguiu combinar tipo/forma e tamanho o suficiente, logo ao cortar a cauda está a tentar bater um colega que produziu uma ave melhor sem recurso a artifícios.

É importante que os juízes tenham a coragem de desclassificar aves que tenham caudas alteradas e mostrar claramente a razão de desclassificação da ave, se o juiz não tomar tal atitude então criadores honestos podem desistir de criar glosters ou começarem também a fazer batota.

O Futuro

No ultimo ano em Inglaterra a mensagem era para que aves grandes vencessem cada vez menos exposições. No entanto, continuam a haver demasiadas aves grandes a bater pequenos glosters que estão mais próximos daquilo que deveríamos procurar na raça. Existem também criadores noutros continentes e na Europa que estão a ficar preocupados com o aumento do tamanho dos glosters nas exposições.

Países como Portugal e Espanha onde a criação do gloster aumentou rapidamente em popularidade são os criadores do futuro, com muitas e excelentes aves criadas que levaram o Gloster para outros níveis. Seria excelente se estes criadores estudassem alguns dos erros cometidos pelos criadores Ingleses nos últimos 40 anos de forma a poderem evitar alguns problemas que possam surgir nos próximos 40 anos.

Por Rob Wright, publicado na Revista O Gloster nº 12

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Conselhos para a criação de uma linhagem de alto valor genético



  • Adquirir canários de ótima qualidade, nas mãos de um criador que já pratique a consanguinidade há pelo menos três anos. Deverá ter em mente que o objetivo inicial é a estabilização de uma linhagem de elevado valor genético, não a criação de campeões, que poderá demorar algum tempo.
  • Não realizar mais do que três criações por ano ou, como alternativa, utilizar amas secas. Os reprodutores devem ser de boa genealogia, saudáveis, férteis e vigorosos.
  • Robustez, vigor, fertilidade e saúde deverão estar associadas à beleza estética dos reprodutores.
  • Vender, desde que não imprescindíveis, os canários que participaram nas exposições, evitando eventual contaminação patogénica do canaril.
  • Adquirir canários de plumagem excelente (cores / qualidade) e ótima posição. Importante ter em mente que as características hereditárias prevalescentes transmitidas pelo macho são a cor e comprimento (tamanho), enquanto que da fêmea herda o tipo; cabeça; forma; constituição.
  • Possuir condições de espaço ideais para a quantidade e pássaros que se pretende criar.
  • Fixadas as linhagens, criar em circuito fechado, de modo a evitar genes incompatíveis e efeitos negativos. Deve afastar-se o temor absurdo dos efeitos negativos da consanguinidade.
  • Somente a correta aplicação da consanguinidade pode dar vida a uma linha de elevado valor genético. Para isso aplicar um dos métodos de cruzamentos consanguineos já conhecidos.
  • A consanguinidade é um filtro do património hereditário, fazendo emergir os caracteres positivos e negativos, por isso eliminar do plantel os pássaros com características indesejadas.
  • Acasalar somente os canários saudáveis, ferteis, vigorosos, de bela plumagem e o mais próximo do padrão ideal da raça. Para isso é imprescindível conhecer bem o padrão. Adquisição do manual da raça é um ótimo começo.
  • A consanguinidade tende a reagrupar o conjunto dos genes positivos semelhantes, isto é, produz homozigotes, ou seja, a pureza dos caracteres selecionados que assumem predominância na linhagem, de modo que tais características sejam menifestas em todos os membros da família.

Retirado e adaptado de http://mundodogloster.webnode.pt/conselhos/

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A mutação intenso

Exclusiva do canário, a mutação intenso reveste-se de aspectos de extraordinária raridade e de grande interesse cientifíco. É geneticamente dominante e sub-letal, provavelmente com um aspecto de expressiva variabilidade, e compreende o antigimento pelo lipocromo da ponta da pena, cujas bárbulas são mais curtas. A expressão lipocrômica é muito forte e a forma do corpo é mais leve e esbelta.

O gene responsável por esta mutação é pleiotrópico, ou seja ele  influencia várias características do portador. Nos sujeitos homozigotos, as características se exaltam, reduzindo o seu tamanho, com plumagem muito curta e fortíssima expressão do lipocromo.
Existem fortes variações de um indivíduo para outro, podendo ser mais ou menos evidentes os resíduos de nevadismo. Nos machos, a atuação do fator intenso é geralmente mais forte.

Um fenômeno excepcionalmente notável, que permanece sem explicação e que nunca havia acontecido anteriormente, é o fato da categoria nevado (forma ancestral) precisar de cruzamento misto com a mutação intenso. Efetivamente, o sucessivo cruzamento entre nevados é desaconselhado, uma vez que se obtêm todos os filhotes nevados, normalmente de má qualidade, com nevadismo excessivo que pode estender-se às zonas "de eleição", com carência de lipocromo e, por fim, tendência à plumagem muito abundante. Em caso de repetidos cruzamentos entre exemplares nevados, essas características negativas tendem a aumentar.
Na natureza, os canários se reproduzem sempre entre exemplares nevados sem qualquer problema, mesmo porque não há intensos. No entanto, em cativeiro, o mesmo tipo de cruzamento produz os resultados negativos acima citados. Por outro lado, o acasalamento entre exemplares intensos e nevados permite o nascimento de nevados de boa qualidade e equilibrados. Em todas as espécies criadas em cativeiro, a regra geral é que maiores serão o equilíbrio e a vitalidade dos filhotes quanto mais fortes forem as características presentes do tipo ancestral. É realmente difícil explicar esta exceção nos canários!

Infelizmente são poucos os que se aprofundam no problema. Na minha opinião, provavelmente o fenômeno é uma conseqüência induzida pela mutação intenso, que pode ser capaz de induzir outras mutações e de modificar, mesmo que não de forma evidente a própria forma genética.

Um outro problema a ser considerado é por que os nevados resultantes do cruzamento entre intensos e nevados são bons. Acredito que possa ocorrer um fenômeno semelhante ao da heterogênese não transmissível. Os nevados obtidos de acasalamentos entre dois exemplares intensos, nascidos na probabilidade de 25% dos filhotes, geralmente apresentam uma situação de excesso que os faz semelhantes aos obtidos através de cruzamnetos puros. Por outro lado, usando uma fêmea intensa com um macho nevado, obtêm-se em geral, apenas como uma tendênmcia, resultados ligeiramente melhores que os obtidos quando se usam uma fêmea nevada com um macho intenso. A regra é válida tanto para os filhotes intensos quanto para os nevados. Os intensos tendem a apresentar uma melhor intensidade de cor, e os nevados, um ótimo equilíbrio e bom nevadismo.