segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Como selecionar seus Glosters


Após o período de reprodução e passada a primeira muda, é época de pensar na seleção dos pássaros que serão guardados para os cruzamentos do próximo ano. Estas são as decisões mais críticas a tomar, para melhorar a criação e evoluirmos na qualidade do nosso plantel. Mesmo que o êxito seja, às vezes, uma questão de sorte há regras básicas que devem ser seguidas para que o sucesso seja alcançado.



1. Regras Gerais

1.1. Nunca tomar uma decisão antes da muda total do pássaro. Alguns pássaros que muito prometem inicialmente podem tornar-se uma decepção depois da muda e outros despontarão como um a flor gerando grande surpresa. Dispor de um gloster jovem antes que acabe a muda será um erro, não importa o que aparente enquanto filhote.

1.2. Nunca parta do pressuposto que um pássaro premiado produzirá bons filhotes. A genética de um pássaro é muito complexa e alguns campeões nunca produziram um pássaro para concurso em toda a sua vida. Com uma boa linhagem e limitando o número de genes a trabalhar, concentram-se as probabilidades de termos os melhores pássaros para produzir a melhor descendência.

1.3. A selecção visual é tão importante quanto à linhagem. Ao ter que seleccionar entre pássaros similares, procure saber a linhagem e escolha o pássaro com os melhores antepassados. Nunca guarde um pássaro de má qualidade por causa de sua linhagem. Por outro lado, nunca escolha um pássaro baseado somente em seu aspecto. Há que se fazer um balanço entre aspecto e linhagem.

1.4. Os pés e as pernas são um bom indicador da qualidade do Gloster. Os pássaros com as patas e as pernas grandes são um problema. Será sempre melhor concentrar-se em pássaros com as patas pequenas e as pernas curtas.

1.5. Os pássaros com quistos são um verdadeiro pesadelo para o criador de Glosters. Os quistos são hereditários ou pelo menos a incapacidade para que um pássaro mude de forma sadia. Os pássaros velhos com problemas de saúde podem desenvolver quistos. Os pássaros saudáveis, menores de quatro anos não devem ter quistos. O uso de pássaros amarelos (intensos, com penas duras) nem sempre é solução para o problema. Em algumas linhagens, quando o problema é recorrente, inclusive os pássaros intensos desenvolvem os quistos. O caminho a seguir será seleccionarmos e acasalarmos correctamente, com vista a produzir pássaros livres de quistos.

1.6. O brilho na cor não é necessariamente um indicador de boa qualidade da pena. É um indicador de boa pigmentação. A maioria das pessoas tende em uma regra geral a confundir estes conceitos levando a más opções. A genética não é uma tarefa simples de apreender.


2. Quais machos guardar

2.1. Os machos férteis podem ser utilizados, geralmente, até aos cinco anos, desde que dêem provas de qualidade na descendência. Os machos que são bons progenitores, com qualidades ao nível de alimentação das crias são inestimáveis. Pense sempre duas vezes antes de se desfazer de um macho fértil e são com estas características.

2.2. Aos machos que não galam os ovos podemos dar-lhe outra oportunidade no ano seguinte, preferencialmente com uma fêmea que já deu filhotes. Se cruzarmos um macho presumivelmente estéril com uma fêmea que nunca criou, não teremos dados suficientes para esclarecer a situação. Convêm utilizar a nossa melhor fêmea de criação para testar o macho em causa. Se, pelo segundo ano, entretanto ele ainda não reproduz, livre-se dele. Mesmo que se possa tentar um terceiro ano, você estará insistindo numa situação que levará ao desgaste desnecessário de boas fêmeas de criação.

2.3. A ideia de cruzar o melhor macho do plantel com tantas fêmeas quanto possíveis tem um impacto negativo. A maioria da descendência estará muito ligada entre si e em um abrir e fechar de olhos teremos que procurar novos genes, com a introdução de novos pássaros no plantel. Assegure-se que mantém os irmãos e os primos do seu melhor macho. Você pode usá-los para diversificação de sua base genética sem mudar a linhagem muito drasticamente. E muitas vezes irá surpreender-se ao descobrir que é a descendência desse macho que está a garantir seus melhores filhotes. A maior parte do tempo os irmãos ou as irmãs de campeões são a melhor aposta, não importando se visualmente não parecem.

2.4. Os machos nos quais se notam sinais de agressividade logo em filhotes são descartáveis. Se for possível livre-se deles. O carácter, como tudo o resto, é hereditário. Tente utilizar os machos pacíficos e calmos para a base do seu plantel.

2.5. Os machos gloster que parecem fêmeas são o seu melhor activo. Serão, geralmente, de tipo excepcional e menores que a maioria dos machos. Pode-se basear uma criação inteira em tais machos, uma vez que as suas filhas serão extremamente difíceis de vencer em concurso. É habitual ter-se machos grandes que mostram muito tipo, mas isto limitará muito que a descendência tenha características de aves de concurso. Se não formos muito cuidadosos, cedo ou tarde as suas fêmeas estarão maiores e aí será muito tarde para corrigir a situação. Seja crítico com o tamanho dos seus machos, isto permitirá um maior controlo do seu plantel e garantirá descendência sem penalizações.

2.6. Assegure-se que os machos mostrem a cor mais intensa. Em geral, as fêmeas mostram cor mais apagada. Se teus varões não são bem coloridos, as filhas deles serão muito desbotadas. De certo não deseja acabar com um plantel inteiro de pássaros desbotados. É muito difícil conseguir boa cor sobre toda a pena e as vezes terá que fazer escolhas entre o tipo e a cor.


3. Quais fêmeas guardar

3.1. As fêmeas férteis podem ser utilizadas, facilmente, até aos quatro anos, desde que produzam a qualidade que você necessita. O êxito do plantel baseia-se na capacidade de criar boas fêmeas. Como o standard do Gloster se baseia em pássaros pequenos, não há razão para não ter fêmeas dentro do standard. Se você utiliza fêmeas com grandes coronas, pode-se recortar a corona antes do período de cria e ele crescerá na próxima muda. Fazendo isso você aumentará as hipóteses da sua fêmea cuidar melhor de sua prole. Assegure-se de cortar a corona um mês antes de criar para dar à fêmea uma possibilidade de acostumar-se a ver o mundo que a rodeia.

3.2. As qualidades de criação são hereditárias. Considere sempre primeiro as filhas das suas melhores fêmeas criadoras, desde que exibam o tipo que necessita. Uma fêmea de qualidade média mas de bons hábitos de criação sempre será sempre preferível a uma fêmea de qualidade superior com pobres registos de criação. Recorde que se você tem uma linhagem de criação, suas fêmeas podem produzir campeões desde que você não ponha todos os ovos na mesma cesta, centrando-se em sua melhor fêmea. Assegure-se de ficar com as fêmeas que criam bem, mas que estão relacionadas com o seu melhor pássaro. As probabilidades de criar um campeão virão de uma delas.

3.3. A utilização de fêmeas grandes na criação condena toda a futura prole a aumentar de tamanho. Seus filhos serão inclusive maiores e você estará no caminho do fracasso. As fêmeas pequenas são as que melhores resultados lhe darão.

3.4. As fêmeas serão o suporte da forma/tipo do seu plantel. A maioria dos machos são maiores e mais finos que as fêmeas. Se você seleccionar as fêmeas magras e largas, seus filhos não exibirão o standard desejado e destruirão, provavelmente, a qualidade do seu plantel. Às fêmeas com bom tipo podemos atribuir machos que se parecem com elas e assim melhorar definitivamente o seu plantel.



4. Quais coronas guardar

4.1. O Corona é provavelmente o pássaro mais difícil de se produzir e a maioria dos criadores não possui um leque extenso de pássaros de qualidade para escolher. O criador experiente sabe que muitos compromissos devem ser feitos para se produzir um bom Corona.

4.2. É habitual encontrarmos a melhor corona em pássaros mais alongados. A pluma mais longa permite uma corona mais cheia e de textura mais suave. Se fizermos uma selecção unicamente sobre as coronas mais impressionantes, acabaremos com um plantel inteiro de pássaros compridos e finos. Tenha sempre presente que devemos trabalhar na criação de um pássaro completo, que na altura de se apresentar a concurso exiba uma boa corona assente numa boa forma.

4.3. Nunca guarde um pássaro com a corona defeituosa (partida, torta, descentralizada, forma esquisita etc). Trate de limitar sua selecção a pássaros que mostrem uma corona redonda, com um centro bem definido. A parte mais difícil para a produção é a frontal. Aí precisa-se de abundância de penas. Os pássaros que tem poucas plumas na parte frontal da corona nunca deverão fazer parte do nosso plantel.

Você pode até tolerar outros defeitos desde que o pássaro apresente a parte frontal da corona em perfeita distribuição.

4.4. Os “cornichos” são a queixa mais frequente nos defeitos detectados em Glosters Coronas. As penas ao redor dos olhos tem a tendência de crescer em direcção oposta ao normal, e os pássaros com coronas excepcionais exibem, frequentemente, os “chifrinhos”. Não seja enganado pelos “pseudo-especialistas, pois muitos dos melhores pássaros de exposição são “maquilhados” pouco antes do concurso. Trate de fazer com que o defeito seja eliminado, mas um pássaro excepcional nunca deverá ser descartado baseado num critério só, ainda que este defeito não seja um problema congénito.

4.5. Tente descartar de imediato os pássaros com coronas muito pequenas. Um bom gloster é um pássaro equilibrado, com a corona proporcional com o resto do corpo. Será sempre preferível ter um pássaro com uma grande corona para poder ser trabalhada e alcançar futuros objectivos.

4.6. Isto leva anos, às vezes décadas... criar bons Coronas. Se você tem bons coronas assegure-se de mantê-los cruzando-os com pássaros de qualidade. Se não tem bons coronas, esta na hora de ir às compras. Um bom corona nunca aparece por magia. Lembre-se que existem criadores com sucessivos anos de trabalho nesta raça e provavelmente você não viverá tempo suficiente para repetir o trabalho de gerações inteiras de criadores especialistas.


5. Quais consortes guardar

5.1. Se a sua meta é expor e ganhar com consortes, então deve concentrar-se em consortes. Ainda que esteja demonstrado que os consortes não necessitam das “frentes pesadas” que vimos no passado, você tem que, entretanto, concentrar-se naquela cabeça imponente para atrair a atenção do juiz. Digam o que disserem a sua teoria deve ter sempre presente: ao final os juízes têm a última palavra.

5.2. A criação de consortes não tem as complexidades genéticas dos corona, logo teoricamente será muito mais simples fixar uma característica específica rumo ao nosso Gloster ideal. Sem dúvida o mais importante será ter sempre em mente o ideal de consorte que pretende atingir.

5.3. Os consorte de concurso mais perfeitos são, em geral, os pássaros maiores, o que só confirma sua incompatibilidade com seus companheiros corona. O consorte pequeno, com a plumagem muito apertada raras vezes é do gosto do juiz.

5.4. Não há nada de mal em se usar um corona para produzir consortes, é isso que faz a maioria das pessoas. Mas assegure-se que o corona usado seja de uma boa linha de consortes. Como é muito difícil avaliar o impacto de uma corona na cabeça de um consorte, você deve confiar nos parentes próximos do corona como indicador.

5.5. Haverá sempre excepções a uma regra, mas na maioria dos casos alguns casais produzem melhores consortes e outros produzem melhores coronas. Isto é verdade ainda dentro de uma mesma linhagem. Os criadores de gloster devem estar atentos a esta realidade para que a possam entender e utiliza-la de maneira vantajosa.

5.6. Se seu objectivo é produzir o melhor corona possível, então as regras são invertidas, por exemplo, você deve usar os consortes mais estritamente relacionados com seu melhor corona. A maior parte desses consortes nunca servirá para concurso. Mas, se você deseja ter sucesso deve aprender esta técnica, porque de outra maneira, não importa a quantidade de bons coronas que possua, sistematicamente os destruirá usando seus “melhores” consortes.

5.7. Utilize sempre os consortes que são os que mais próximos se relacionam com seus melhores coronas. É importante, inclusive, não avaliar as qualidades principais nestes consortes, já que não é este seu propósito mas sim atingir coronas de excepção.

6. Conclusão

Já que a dificuldade em produzir um corona perfeito te força a um compromisso, na selecção rigorosa do seu plantel de coronas, deve ser muito mais crítico com a forma do corpo do consorte, porque caso eles estejam a ser mal usados nunca conseguira compensar algumas debilidades verificadas no seu corona.

Quer dizer, sendo o objectivo conseguir boas coronas, pode ter que tolerar outras falhas nos seus reprodutores coronas, mas essas falhas nunca devem ser encontradas em seus consortes.
As regras acima indicadas podem parecer muito óbvias, mas conseguir aplica-las todas ao mesmo tempo, será certamente um exercício de paciência interessante.

Robert Larochelle, Revised 2006

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Em busca do Gloster Ideal


Por que o Gloster?

Escrevo sobre o canário Gloster porque fui cativado por sua graciosidade e pela harmonia dos seus movimentos. Isso não se explica, faz parte da imensidão da alma humana. Todas as raças de canários têm seus admiradores. Foi dito que o canário Gloster, como todos os canários de porte, é uma escultura, uma obra de arte. O Manual de Julgamento de Canários de Porte, publicado pela Ordem Brasileira de Juizes de' Ornitologia, Edição 97 diz o seguinte: "Na canaricultura, o segmento dos canários de porte pode ser comparado à escultura. Os criadores procuram através de cruzamentos judiciosos produzir pássaros que se assemelhem, ao máximo, na forma, posição e plumagem a um modelo preestabelecido denominado padrão da raça". Ora, se é uma escultura, resta ao criador aprender a olhar e ver com sensibilidade e conhecimento. O desenvolvimento dos sentidos para compreender e conhecer um canário Gloster ideal necessita de aprendizado. 

Numa primeira olhada um canário Gloster é "apenas um Gloster" de boa ou má qualidade. Já numa segunda vista, dependendo dos conhecimentos de cada criador, surgem os detalhes, que serão avaliados como características da raça.
Ninguém se transforma num bom conhecedor de Gloster de um dia para o outro, mesmo os mais instruídos necessitam do tempo. 

O tempo acomoda os saberes e forma na memória um padrão ideal da raça. Para aprender é preciso exercitar visitando exposições, criadores e dialogar com juizes especialistas na raça Gloster. Faz parte das pessoas comparar a imagem de um lugar ou de um objeto ou de um animal, com imagens ou impressões guardadas na memória. 

Quando um criador se propõe a adquirir um canário Gloster, o julgamento que ele faz "a priori”, é comparar o canário que está vendo com o canário existente na sua memória. Pode-se chamar isso de uma avaliação perceptiva, consciente e técnica.
Pode ocorrer, muitas vezes, que a imagem do canário guardada na memória está aquém da  imagem do Gloster ideal. Quando isso acontece, o  criador, sem se aperceber, adquiri um canário com  as mesmas virtudes e os mesmos defeitos os seus, isto é: com o mesmo formato da cabeça, topete, cílios, plumagem, postura, cauda, pernas e patas, forma e tamanho.

A dificuldade para avaliar um canário Gloster é perceber a harmonia entre os diversos  segmentos do seu corpo. Harmonia quer dizer disposição bem ordenada entre as partes de um todo; quer dizer ainda proporção, ordem e simetria. A complexidade para quem avalia um canário Gloster é uma arte, um jogo de combinar peças: cabeça e pescoço; pernas e patas; topete e ponto central e pescoço; presença de cílios ou sobrancelhas; tamanho e cauda; forma e plumagem (penas curtas, médias e longas), postura, movimentos e condições de saúde. Aprender a olhar e a ver é um exercício que exige um longo tempo. 

Pare aprender a ver

Os olhos obedecem à ação da mente. Assim, o primeiro passo que um criador deve dar para a escolha de um Gloster ideal é a abstração. Aprender a ver é um exercício que exige o desenvolvimento do gosto, da sensibilidade e do intelecto.
 
O gosto (lat. gustus: sabor), em um sentido genérico é o instrumento e o árbitro do discernimento estético. Aprender a julgar com critério e sensatez um canário Gloster é ter desenvolvido na alma o sentimento do belo e da harmonia que existe entre as partes formadoras desse canário;
 
A sensibilidade (lat. vulgar sensibilitas), em um sentido genérico, é a capacidade que o criador tem de sentir, de ser afetado pela beleza e a harmonia da forma do canário. De receber todos esses estímulos através dos sentidos, principalmente da visão;

A inteligência (do lat. vulgar intelligentia) em um sentido genérico se aproxima de intelecto, entendimento e razão. É a individualidade de cada criador. O intelecto dá autonomia ao criador. Entendimento é a faculdade que um criador adquire de compreender ou pensar por idéias gerais ou conceitos. A razão é a capacidade de julgar que caracteriza o ser humano, de distinguir o verdadeiro do falso. Se a primeira fonte que temos ao olhar um canário Gloster é a sensibilidade, a segunda é o entendimento, poder de julgar, poder de conhecer o não sensível. Por isso, desenvolver a inteligência de um criador para o canário Gloster envolve sentimento, percepção, memória, raciocínio, seleção de dados, previsão, analogia, simbolização e autonomia.
 
Criar canário é um jogo. Para se divertir e estar feliz com esse jogo, é preciso aprender as regras e entender a intenção do jogo.
 
Com o passar do tempo aprendi a brincar de criar canário Gloster. Confesso que os melhores professores que tenho tido ultimamente são a paciência e o tempo para aprender. Por último, aprendi a não atribuir aos outros criadores os erros provocados pela minha ignorância. Esperteza é um mito e uma lenda que pertence à velha e esfarrapada tradição cultural dos antigos criadores de canários brasileiros.
Canário de boa qualidade para a reprodução é privilégio de quem sabe ver.

Antonio de Pádua Báfero.
UCCC 017
Revista UCCC 2004

Principais defeitos de um canário Gloster


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Padrões do Canário Gloster

Tamanho: é um pássaro pequeno, tendendo ao diminutivo. O tamanho ideal é em torno de 12 cm,

Topete: o topete é rico em penas, redondo, simétrico e perfeitamente aderente à nuca, cobrindo parte do bico e dos olhos. O ponto central de onde se irradiam as penas é pequeno de no máximo 1mm de diâmetro,

Consort: o Consort possui cabeça redonda sob todos os ângulos, penas longas e sombrancelhas bem evidentes, como devem ser todos os parceiros de pássaros de topete,

Corpo: o pescoço é curto e grosso, ligando harmoniosamente ao dorso, peito e ombros, o dorso é ligeiramente arredondado, ombros largos, peito amplo com afunilamento pronunciado em direção à cauda,

Plumagem: deve ser compacta, sem frisos ou penas soltas e são aceitas todas as cores, à excessão do fundo vermelho,

Postura: se caracteriza por uma inclinação do corpo de aproximadamente de 45 graus com a horizontal,

Cauda: é curta, compacta, praticamente alinhada com a parte de baixo do dorso.

Asas: curtas, assentam-se perfeitamente sobre o dorso sem cruzar as pontas que se apóiam sobre a rabadilha,

Pernas: as coxas são dissimuladas na plumagem, são implantadas bem atras do corpo, as canelas curtas com dedos e unhas perfeitos,

Temperamento: é um pássaro vivo, de movimentações constantes.

Fonte: manual da FOB - Federação Ornitológica do Brasil

Mês a mês na criação de canários

Dezembro/Janeiro
Efetuam-se as últimas crias. O que não se conseguiu até este mês, não adianta continuar a tentar, pois as fêmeas estão praticamente esgotadas pelo calor, pelo cansaço e pelo esforço da criação. Convém ir se preparando para a próxima muda, administrando para as fêmeas alimentação rica em vitaminas, aveia, etc. Terá que cuidar que a água seja abundante e fresca e que os alimentos brandos não cheguem a fermentar pelo calor. Cuidado com as mudanças bruscas do clima de verão.

Janeiro/Fevereiro
Todos os utensílios que foram usados durante a época de cria, serão desinfetados corretamente e guardados para a próxima cria. Os exemplares deverão estar nas voadeiras ou gaiolões de emenda. Devemos observar o seu vigor e estado geral de saúde. A alimentação deve ser variada e rica em cálcio para que possam enfrentar o desgaste originado pela muda.

Fevereiro/Março
Os canários estão em plena muda, não deveremos perder de vista, sobretudo, os últimos filhotes que são os mais débeis, assim como também os exemplares adultos, tratando de ajudá-los no transtorno da troca de penas, preservando-os das correntes de ar e mantendo uma abundante e variada alimentação.

Março/Abril
Mês de pouca atividade. Os exemplares continuam nas voadeiras. Estarão em sua maioria com suas novas plumas, e com a muda terminando. Devemos começar a escolher os melhores filhotes.

Abril/Maio
Começa o frio e deveremos aumentar na comida a porcentagem de alguns grãos oleaginosos (níger, cânhamo, etc.). Se iniciará a seleção dos pássaros que poderão ser candidatos a Concursos, colocando-os em gaiolas individuais.

Maio/Junho
Chega o rigoroso inverno. A alimentação será mais forte, pois o organismo consome grande quantidade de calorias. Observaremos com mais detalhes os pássaros que selecionamos para exposição, mantendo-os em perfeita higiene.

Junho/Julho
Mês de exposição. O canaricultor obterá o fruto de tudo o que sonhou, não devendo deixar-se levar por algum desengano, pois, em canaricultura sempre haverá o que aprender, e a melhor forma de fazê-lo é corrigindo os fracassos ocorridos. E quanto ao cuidado com os exemplares, seguiremos com a indicação dos meses anteriores, boa alimentação e preservação contra os rigores do inverno

Julho/Agosto
Começaremos as tarefas da reprodução, serão selecionados, minuciosamente, os casais, observando que ambos os componentes se completem, de acordo com o que desejamos criar.

Agosto/Setembro
Se o tempo ajudar, teremos fêmeas chocando e para meados do mês, os primeiros filhotes, a quem dispensaremos cuidados especiais, alimentação fresca e variada, abundante e nutritiva. Se tratará no possível, de não molestá-los, apesar de vigiar se constantemente, em momentos oportunos, se os pais tratam dos filhotes.

Setembro/Outubro
A criação estará em pleno apogeu, e teremos filhotes emplumados e outros a sair dos ninhos, deveremos estar atentos ao comportamento dos pais, pois alguns machos mais fogosos molestam as fêmeas. Se isso ocorrer, deveremos então separá-los . Por outro lado, pode ocorrer que fêmeas arranquem penas dos filhotes, no seu afã de fazer novo ninho. Deveremos então separar os filhotes com uma grade, possibilitando a fêmea a continuar tratando dos filhotes, até que possam comer sozinhos.

Outubro/Novembro
Neste mês, tendo em conta as indicações feitas para outubro, e quando a criação segue em pleno apogeu, se cuidará que as águas sejam frescas e que os alimentos não cheguem a fermentar, principalmente os brancos (pão com leite, etc.). Não devemos nos descuidar do fator higiene que é de suma importância a esta altura do ano, pois poderão aparecer piolhos e outros parasitos. Teremos que nos assegurar, também, que a noite os mosquitos não molestem os canários, pois estes visitantes noturnos trazem grandes transtornos.

Novembro/Dezembro
Estaremos na terceira postura ou ninhada, alguns na quarta. Observaremos, como nos meses anteriores o estado dos alimentos e dos bebedouros. Todos os pássaros cevem estar protegidos do rigor do calor. Estaremos com os filhotes da primeira e segunda ninhadas nas voadeiras. Poremos atenção especial na prevenção contra piolhos para que não ataquem as fêmeas, que deverão estar extenuadas pelo esforço realizado.

De um modo sintetizado, analisamos as tarefas mais elementares de acordo com o mês calendário, os pormenores sobre acasalamentos, alimentação, preparação para exposições etc. etc. Boa sorte!!!

Quistos ou Bolas de Pena

Um quisto de penas num pássaro é o mesmo que um pelo encravado num humano. O quisto é maior uma vez que as penas também são maiores que os pelos. Se a isto pensarmos que os pássaros são muito mais pequenos que nós e têm um inchaço maior que o nosso podemos imaginar as complicações que isso acarreta. Os quistos aparecerem devido à mal formação da pena por baixo da pele. O quisto tem a forma oval e englobam uma pena ou um conjunto de penas. Apesar de poderem surgir em qualquer parte do corpo, eles surgem principalmente na zona da rabadilha (raiz da cauda).

Um quisto de penas ocorre quando as penas que estão a crescer não conseguem penetrar pela pele e vão ficando enroladas por debaixo da pele. À medida que a(s) pena(s) cresce(m) o inchaço aumenta com um material pastoso feito de creatina.

Apesar de as penas encravadas poderem aparecer em qualquer raça, nos canários ocorre com mais frequência nos Glosters, Norwhich, Borders. As penas que fazem com que estas raças pareçam mais fofos, mais macios e rechonchudos são onde surgem mais quistos. Por outro lado há raças onde os quistos aparecem menos, como por exemplo o Mosaico. Há uma predisposição genética para o seu desenvolvimento devido ao facto de muitos criadores fazerem cruzamento com irmãos (consanguinidade) para apurar certas características dos pássaros, o que não é aconselhável por vários motivos entre os quais pode vir a causar deformações internas nos filhotes como por exemplo o aparecimento dos quistos.

Outras das possíveis causas são: má nutrição; infecções, principalmente devido a ácaros que comem a raiz das penas; lesões ou traumas na zona onde o quisto se desenvolveu. Há criadores que não negam a predisposição genética que certos pássaros têm, mas afirmam que a alimentação pode fazer com que esse problema fique visível nesses pássaros. Criadores que tiveram os pássaros durante um ano ou dois e que depois os venderam foram informados que apareceram quistos nos pássaros, o que leva a pensar que uma má dieta fez surgir os quistos.
Por outro lado criadores que ficaram com pássaros que apresentavam quisto só porque o antigo criador os ia por em liberdade (e consequente morte) relatam que passados vários meses os pássaros estavam completamente diferentes e que nunca mais tiveram quistos, tendo vivido vários anos inclusive. É conveniente referir que um pássaro que tenha alguma vez tido um quisto nunca vai viver tanto tempo como um canário "normal" (10 anos).

Dependendo da localização, estes papos de penas podem ser bastante dolorosos para os pássaros. Se aparecerem numa zona onde causam pressão sobre um nervo ou sobre um órgão, os quistos podem causar modificações da estrutura interna e em casos extremos a morte.

Prevenção: No prevenir é que está o ganho. Para se evitar ao máximo as penas encravadas é recomendável dar aos canários uma alimentação muito variadas porque a maior parte dos alimentos não é completa. Verduras como a alface, nabo (cozido e misturado com a papa), brócolos devem ser dadas não mais do que duas vezes por semana. Além das folhas deve-se dar também o talo. Vitamina B, sais minerais (especialmente o zinco), ácido fólico, e a Biotina também são elementos recomendáveis para se evitar os quistos de penas.

Tratamento: O tratamento consiste na remoção da "bola", do inchaço que contém as penas. Pode ser feito de duas maneiras: colocar um elástico à volta do quisto para que seja difícil ou mesmo impossível o organismo do canário "alimentar" o quisto. O outro método é para mim mais eficaz mas também mais perigoso pois consiste numa pequena cirurgia que vai cortar o mal pela raiz (literalmente). Nunca fiz porque não tenho coragem nem a experiência necessária, por isso recorri a um criador que tinha alguma experiência na remoção dos quistos. Para se remover o quisto este tem de estar "maduro" ou seja seco ou quase seco quer seja pelo elástico e/ou pela aplicação de tintura de iodo. Depois de estar seco faz-se uma incisão no quisto. Não vou explicar para não caírem na tentação de removerem o quisto com as vossas próprias mãos. Mesmo ao fazer uma incisão e remover toda a creatina (papa formada pelas penas encravadas) pode voltar a aparecer uma vez que o organismo fica com uma espécie de memória e fica programado para fazer aparecer um novo quisto. Já vi pássaros a quem foram retirados quisto e têm uma vida normal. Em canários como os Norwich que estão geneticamente predispostos ao aparecimento destes papos, a sua constante remoção não é aconselhável uma vez que a cirurgia vai abrir um buraco no corpo e ao fim de algumas remoções o pássaro não vai aguentar e morre. Nos canários que apareceram os quistos é recomendável não serem utilizados para criação, pois como foi dito anteriormente, os quistos são geneticamente passados aos seus descendentes e mais cedo ou mais tarde esses filhotes vão ter os quistos.

Por IvoLeite

O canto do Timbrado Espanhol

Tibrado Espanhol - Canto Contínuo

Tibrado Espanhol - Canto Descontínuo

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Gloster Canela


"Tal como referi no post anterior tenho-me deparado com o nascimento de alguns glosters canela de casais em que as duas aves são verdes. Já estava prevenido para tal, pois no caso dos machos serem portadores havia possibilidade de nascerem aves canelas. Foi o que aconteceu. Decidi então fazer um post sobre a mutação canela."



O canela tem sido considerada um meio para melhorar a qualidade da plumagem de pássaros no plantel, embora alguns criadores se mantenham prudentes no seu uso porquepode se atingir um nível a partir do qual se produzem defeitos como uma pitada de cabeça e uma perda geral do tamanho do corpo.

A mutação ocorreu no ano de 1709. Mas há apenas alguns anos entendeu-se que a mutação canela estava associada ao sexo. Isto significa que os genes que transferem o factor canela são transportados pelo mesmo cromossoma que determina o sexo da ave. Esta mutação pode despertar curiosidade e duvidas nos mais novatos quando vem no ninho aves canelas quando nenhum dos progenitores apresenta a mutação visivelmente.

Todas as aves de cor canela apresentam os olhos vermelhos, o que é facilmente reconhecível nos jovens recém-eclodidos. Estes jovens de olhos vermelhos podem apresentar diferentes padrões de canela, serem variegadas ou totalmente claros. Para efeitos de reprodução todos eles são considerados canelas puros.


Existem três tipos de machos:
  • Macho Canela: neste caso é 100 canela e tem olhos vermelhos
  • Portador de Canela: não revelar as marcas de canela e olhos são negros, mas ele carrega o gene de canela
  • Normal: não possui o gene de canela e os olhos são negros
Daqui se depreende que não existem diferenças visíveis entre o macho portador de canela e o macho normal. Nestes casos a uníca maneira de saber se um macho é portador é testa-lo em gerações futuras para ver se origina alguma descendência canela.

Existem dois tipos de fêmeas:
  • Canela: neste caso é 100% canela e tem os olhos vermelhos
  • Normal: não possui o gene de canela e tem os olhos pretos

A razão destes factores deve-se ao facto do macho possuir dois cromossomas X: o verde (normal) é transportado por um dos cromossomas X e o canela é transportado pelo outro cromossoma. Uma fêmea tem um cromossoma X e um cromossoma Y e apenas pode ser verde (normal) ou canela uma vez que o cromossoma Y é inactivo e o gene para a pigmentação da plumagem encontram-se no cromossoma X que é o mesmo que determina o sexo.

Cruzamentos possíveis com canelas:

1. MACHO NORMAL X FEMEA CANELA
  • 50% machos normais portadores de canela
  • 50% fêmeas normais
2. MACHO CANELA X FEMEA NORMAL
  • 50% machos normais portadores de canela
  • 50% fêmeas canelas
3. MACHO NORMAL PORTADOR DE CANELA X FEMEA NORMAL
  • 25% machos normais
  • 25% machos normais portadores de canela
  • 25% fêmeas normais
  • 25% fêmeas canelas
4. MACHO NORMAL PORTADOR DE CANELA X FEMEA CANELA
  • 25% machos normais portadores de canela
  • 25% machos canelas
  • 25% fêmeas normais
  • 25% fêmeas canelas
5. MACHO CANELA X FEMEA CANELA
  • 50% machos canelas
  • 50% fêmeas canelas

NOTA: todos os jovens canelas distinguem-se dos outros no ninho por causa dos olhos (pálpebras) vermelhos.

Fonte: http://centrogloster.blogspot.com/2010/05/gloster-canela.html